quarta-feira, 12 de março de 2008

DOCUMENTÁRIO RETRATOS DO SILÊNCIO


Está sendo realizado na Oficina de Criatividade do Hospital psiquiátrico São Pedro um Documen-tário de nome “Retratos do Silêncio”, concebido pela psicóloga Regina Longaray Jaeger, que enfoca a maneira de como os internos reagem ao silêncio ao qual foram condenados - produzido pelo Laboratório Experimental (Marcelo Gobatto e Juliano Ambrosini).
A concepção do Documentário é a seguinte: a história do Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), referência em saúde mental do estado, desde 1884, mistura-se à história da cidade de Porto Alegre. Durante mais de um século, o Hospital abrigou milhares de internos que, por uma razão ou outra, se viram desvinculados do convívio social, familiar e econômico. Essas pessoas, mesmo vivendo num regime de severa privação, mantiveram no entanto uma intensa atividade criativa, seja na produção plástica, na escrita ou na produção de objetos inventivos, afirmando e expressando, deste modo, uma força vital inusitada. No documentário que ora propomos, buscamos explorar esta atividade expressiva vital, concretizada nas obras realizadas pelos internos do HPSP. Para tanto, acompanharemos a trajetória de três pacientes que encontraram na prática artística uma maneira de existir: Claudina, Natália e Vilmar.
O documentário pretende trabalhar com a palavra e a imagem de uma forma aberta, buscando uma associação poética entre os depoimentos das personagens e a sua produção artística, seja ela a caligrafia presente na palavra escrita de Claudina, as linhas e as cores dos desenhos de Natália, ou os objetos singulares criados por Vilmar. Constrói-se assim uma dupla narrativa, em que os depoimentos dos pacientes evocam suas memórias, tempos e espaços subjetivos e, simultaneamente, "reverberam" nas imagens expressivas de seus trabalhos.
A relevância de se documentar as produções artísticas dos internos consiste em se afirmar a potência de vida destas pessoas, que ultrapassam simbolicamente os muros do Hospital. Trata-se de reinventar suas histórias de vida e aproximá-las da cidade. Ao pintar, bordar e escrever, o que eles fazem não é só expor suas memórias, mas criar uma nova maneira de existir no Hospital. O único e valioso capital que eles possuem é a vida em seu estado extremo de sobrevida e resistência, e que tem como vetor de expressão a arte.
Assim, que houver o lançamento do Documentário coloco aqui.

Nenhum comentário: