quinta-feira, 1 de maio de 2008

MAIS VIAGENS!!!!!!!!

Granada, tierra soñada por mi, mi cantar se vuelve gitano cuando es para ti...
Por Lígia Halmenschlager, revisora de Português e corretora de redação.



Atenção mulheres... Granada é o canal!!!!

Foi com essa música, colocada pelo nosso guia no ônibus, que entramos em terrenas granadinas. E eu recordei dela, cantada na minha infância e juventude por um trio, que fazia serenatas nas madrugadas da minha terra. Dizem os espanhóis que quem não foi a Granada não viu nada. Talvez pelo conjunto de belezas arquitetônicas andaluzas, bem como pela cidadela de Alhambra, um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes da Idade Média e o máximo expoente da arte islâmica no Ocidente. E uma maravilha!
Aprendi lá, não sabia, que granada é a nossa tão conhecida fruta romã. Tem fontes com romãs no seu topo, árvores de romã pela cidade, enfim, é o seu símbolo. Curiosidades que se aprende viajando.
Mas voltemos à magnífica la Alhambra, que fica no bairro cigano de Albaicín, e ocupa uma superfície aproximada de 13 hectares, cercados por 2 kilômetros de muralhas, reforçadas por quase trinta torres, algumas já destruídas. Imaginem a imponência , e fica lá no alto de uma colina cujo cume supera os 700 metros sobre o nível do mar. É lindo demais olhá-la do mirante San Nicolás, ainda mais à noite, quando sua história nos foi contada por um descendente da primeira cigana que lá chegou. Dizem que os ciganos vieram com as tropas cristãs dos Reis Católicos para trabalharem como artesãos do metal. E fizeram as cuevas, verdadeiras grutas cavadas na montanha, e moram até hoje lá em casas adaptadas nesses espaços. Tem uma até com um tipo de churrasqueira e piscina. Dizem que existem hotéis-cuevas em Granada.
E pensar em toda história que ela guarda, pois a Alhambra foi mais do que um palácio, era uma cidade real em escala reduzida, e tinha edifícios para moradia e administração, quartéis, estábulos, mesquitas, escolas, banhos, cemitérios e jardins. Parte dessa estrutura se foi com o tempo, mas a residência real está conservada na sua beleza e nos remete ao que deveria ter sido sua época áurea. É passeando pelos seus aposentos que entramos como num conto oriental que foi sendo escrito num processo de construção de três séculos, com seus traços andaluzes , islâmicos e cristãos.
E até hoje se pode ver a Bab, porta, por onde foi embora seu último rei árabe, Boabdil el Chico, quando precisou entregar Alhambra para os vencedores, os Reis Católicos, em 1492. Aí acontece o fim da dominação árabe. Diz a lenda que ele se refugiou na Sierra Nevada, quando morre a sua amada esposa, devia ser a favorita, porque eles podiam ter até quatro casamentos oficiais.... Como ele chorava muito a perda, a montanha ficou conhecida como o Suspiro del Mouro.
Quando circulamos pelos palácios, com suas abóbodas espetaculares, de uma policromia de várias tonalidades, azulejos também multicoloridos, muito mármore, gravuras ,aprendemos a ver inscrições nas fachadas e paredes escritas na língua árabe, predominantemente. Referem-se fundamentalmente a temas religiosos junto a louvores ao Sultão Yusuf I. Ou são poemas lapidados com caracteres andaluzes e da dinastia nazarí. As paredes são verdadeiros tapetes pendurados. A escritura árabe nas paredes se equipara às imagens sagradas da arte cristã e constitui o substituto dessas imagens.
Enfim, viajar é preciso para poder saborear essas histórias que os séculos de conquistas, guerras e reconquistas por diversas civilizações deixaram registradas para que pudéssemos nos maravilhar.